Visão geral
Gênesis é o primeiro livro da Bíblia e introduz as grandes origens: do universo, da humanidade, do pecado, do julgamento divino e da promessa de redenção. Também narra a formação do povo da aliança por meio dos patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e José. O livro se divide, em linhas gerais, entre "história primitiva" (Gênesis 1–11) e "história dos patriarcas" (Gênesis 12–50).
Criação do universo e da humanidade (Gênesis 1–2)
Deus cria os céus e a terra em seis "dias", ordenando luz, firmamento, mares, terra, vegetação, astros, animais e, por fim, o ser humano, homem e mulher, à sua imagem e semelhança. O sétimo dia é separado como descanso. O Éden é apresentado como o lugar da comunhão plena entre Deus e a humanidade, com a responsabilidade de cultivar e guardar o jardim.
A queda e suas consequências (Gênesis 3)
A serpente induz o casal à desobediência; comer do fruto proibido rompe a confiança com Deus. As consequências incluem vergonha, culpa, distorção de relacionamentos, dor e expulsão do Éden. Contudo, há um vislumbre de esperança: a promessa de que a descendência da mulher ferirá a serpente.
Caim, Abel e o avanço do pecado (Gênesis 4–5)
Caim, dominado pela inveja, assassina Abel. Deus o confronta e o marca, preservando-lhe a vida. As genealogias mostram a expansão da humanidade, tanto em cultura e técnica quanto em violência, enquanto Sete nasce como a linhagem por meio da qual as pessoas voltam a "invocar o nome do Senhor".
O dilúvio e a aliança com Noé (Gênesis 6–9)
A maldade generalizada leva Deus a julgar o mundo com um dilúvio. Noé, considerado justo, é instruído a construir uma arca para preservar sua família e os animais. Após o dilúvio, Deus estabelece uma aliança, sinalizada pelo arco-íris, prometendo não destruir toda a terra por águas novamente e reafirmando a dignidade da vida humana.
A torre de Babel e a dispersão dos povos (Gênesis 10–11)
Os povos, buscando fazer um nome para si, erguem uma torre em Babel para evitar a dispersão. Deus confunde a linguagem e os espalha pela terra. As genealogias convergem para Abrão, preparando a virada do enredo para a história da aliança com um povo específico.
Chamado de Abraão e promessa da aliança (Gênesis 12–15)
Deus chama Abrão a sair de sua terra com a promessa de torná-lo uma grande nação, abençoá-lo e, por meio dele, abençoar todas as famílias da terra. Em Canaã, Deus promete a terra à sua descendência. A aliança é formalizada com promessas de posteridade incontável e fé creditada a Abraão como justiça.
Sinais e amplitude da aliança (Gênesis 16–17)
O nascimento de Ismael ocorre por meio de Hagar, serva de Sara, em uma tentativa humana de "cumprir" a promessa. Deus, porém, reafirma que a aliança será por meio de um filho de Sara. O sinal da circuncisão é instituído, e os nomes mudam para Abraão e Sara, marcando identidade e missão renovadas.
Hospitalidade, justiça e intercessão: Sodoma e Gomorra (Gênesis 18–19)
Abraão recebe visitantes e intercede por Sodoma, revelando o caráter de Deus, que é justo e misericordioso. O julgamento recai sobre cidades persistentes na maldade, enquanto Ló é poupado. O episódio expõe o contraste entre a fidelidade da aliança e a degradação moral.
Nascimento de Isaque e testificação de fé (Gênesis 20–22)
Isaque nasce conforme a promessa, enfatizando que a aliança caminha por intervenção divina. Em seguida, Deus prova Abraão pedindo Isaque; Abraão demonstra confiança radical e Deus provê o cordeiro. O ato reafirma a promessa e sublinha o tema de fé e provisão.
Transição geracional: Sara, Isaque e Rebeca (Gênesis 23–26)
Sara morre e Abraão adquire um terreno, sinal de posse na terra prometida. Isaque casa-se com Rebeca, garantindo continuidade à linhagem da promessa. A narrativa mostra conflitos e reconciliações, e Deus renova para Isaque as promessas feitas a Abraão.
Jacó: eleição, transformação e família de doze tribos (Gênesis 27–36)
Jacó recebe a bênção que estava destinada à primogenitura, evidenciando que a escolha divina não depende de convenções humanas. Em sua jornada, Jacó tem visões (Betel), trabalha por Raquel, enfrenta Labão, e é transformado após lutar com o mensageiro de Deus, recebendo o nome Israel. Seus doze filhos se tornam os ancestrais das doze tribos.
José no Egito: providência em meio à adversidade (Gênesis 37–41)
José é vendido por seus irmãos e desce ao Egito, onde, após injustiças e prisão, interpreta sonhos e se torna administrador de Faraó. Deus usa suas circunstâncias para preservar vidas durante anos de fome, destacando a soberania que age por trás dos bastidores.
Reconciliação e preservação da família da aliança (Gênesis 42–47)
Os irmãos de José vão ao Egito buscar alimento e, após testes que expõem culpas antigas, ocorre reconciliação. Jacó e sua família descem a Gósen, estabelecendo-se sob proteção egípcia. A promessa continua viva, agora preservada em contexto estrangeiro.
Bênçãos finais e perspectivas futuras (Gênesis 48–50)
Jacó abençoa os filhos, delineando traços proféticos do futuro das tribos. Após a morte de Jacó, José reafirma que o mal intentado por seus irmãos foi transformado em bem por Deus para salvar muitos. O livro encerra com a esperança de retorno à terra prometida, guardando os ossos de José como sinal de fé nas promessas.
Temas centrais
Criação boa e ordem divina; a dignidade humana à imagem de Deus; a realidade do pecado e suas rupturas; julgamento e graça; aliança como caminho de redenção; eleição e propósito; fé que responde à promessa; providência de Deus guiando história e famílias.
Mensagem teológica
Gênesis estabelece que Deus é o Criador soberano e pessoal, que busca restaurar sua criação por meio de uma aliança que culminará em bênção para todas as nações. A história caminha da ruína provocada pela desobediência para a esperança firmada na promessa, apontando a continuidade do plano divino ao longo das Escrituras.